Imagine:
Essa não é a primeira vez e duvido muito que vai ser a última que venho ao hospital por mais um de meus ataques de bronquite, sempre fico quieta, esperando eles passarem, mas eles nunca vão embora, não importa o tratamento que eu faça.
Como sempre depois do meu “tratamento” eu estava passando pela ala dos quartos para ir embora, essa parte do hospital é sempre muito calma e vazia ( nos corredores ), mas hoje não. Hoje havia um garoto sentado no chão, com a cabeça apoiada nos braços, acho que ele estava chorando. Sei que eu não devia me meter, mas foi algo repentino, perguntei:
- Você esta bem?
Ele ergueu a cabeça de vagar, e pude ver que estava mesmo chorando, secou as lágrimas com as mangas do casaco e disse:
- Eu acho que não.
Sei que deveria ter ido embora, mas não fui. Cuidadosamente me sentei ao seu lado. Ficamos em quietos por um longo tempo, mas não foi nem um pouco constrangedor, então sua atrativa voz quebrou o silêncio.
- Por que está aqui?
- Bronquite.
- Quero dizer sentada do meu lado.
- Você quer que eu vá embora?
- Não.
- E você, por que está aqui?
- Minha mãe
Nesse momento vi mais lágrimas escorrerem pelo seu rosto, me aproximei dele e encostei minha cabeça em seu ombro. O calor tomou conta de nossos corpos.
Cada vez ele se acolhia mais em mim. Sua boca roçava calorosamente o meu rosto. Nos beijamos e acariciamos um ao outro, esperando novas noticias de sua mãe.
Chiclete....
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